quarta-feira, abril 04, 2007

A moça do bairro

Passo a passo, reverberando na rua vazia. Atravessava, de calçada em calçada, a cidade, já tarde da noite. Incansável, perguntava-se:

-Que diabos estou fazendo aqui?

Ouvia (ou não), vindo de algum prédio, o tilintar embalado pelo tempo de um Mensageiro dos Ventos.

-Será que algum tarado me persegue. Não é bom, para uma moça como eu, entregar-se à ventura e infortúnios.

Apressar o passo já não mais adiantava. Viu, do lado oposto à ruela, a silhueta encorpada de uma figura masculina.

-Merda! merda!

...e ninguém para socorrê-la.

-Pai nosso, que estais no céu...

Vinha rápido, resoluto, e quando o poste banhava-lhe a fronte com luz, percebia sua inexpressividade.

-Esses são os piores, porque não tem como saber se querem nos foder, ou nos cumprimentar.

A respiração ofegante, sudorese excessiva. Tentava disfarçar. Impossível, já estava a poucos metros, e se sentia um pressa fácil. Um cordeiro pronto para o sacrifício.

Mas ai recebeu um olhar tímido, provinciano.

-Ufa!

Respirou aliviada. Não fora dessa vez. Se safara dos predadores.

Ainda bem.

Um comentário:

Priskka disse...

Nossa, até eu fiquei com medo do que pudesse acontecer à ela...

Andar na rua sozinha é uma BOSTA, imagina de noite...

e no seu bairro, então...

rsrsrs...