quarta-feira, junho 04, 2008

O conto da livraria

Entrei naquela livraria pela primeira vez numa tarde de domingo não muito ensolarada. Há alguns dias já vinha sofrendo de compulsão por leitura.

Era uma loja comum, sem nenhum atrativo à parte. A loja, eu digo, pois outras coisas ali me chamaram um pouco a atenção.

A ordem, ou melhor, a desordem das publicações.

Livros de literatura estrangeira socados juntos a ensaio, catálogos de arte e tudo mais. De relance, percebi também que haviam exemplares antigos, bem antigos.

Aquilo não poderia estar daquela maneira por si só. Livros não saem andando por entre prateleiras.

...e então a vi. Talvez não tivesse mais de 40 anos, mas conservava um ar jovial. Cabelo curto e corpo extremamente magro.

Além de impressões físicas não bastava refletir durante horas para notar que aquele ambiente havia sido tomado pela personalidade da dona.

Sim, era possível notar a cofusão em seus olhos. Não um sentimento primordial de raiva, mas algo mais sutil, mais belo, mais reflexivo.

Não sabia ao certo quantas daquelas obras a mulher havia lido mas posso assegurar com certeza que várias delas a influenciaram.

Poucos minutos depois estávamos conversando....