quinta-feira, março 26, 2009

Ma

Tarde da noite, deitada no asfalto frio, Ma delirava a vastas doses de prazer.

Passara o dia imaginando como não vender seu belo corpo por um momento de diversão. 

Fugitiva, sempre sem destino rolava como uma serpente entre becos e pocilgas. Naquela noite, sonhava um pesadelo doce e perigoso. Três belos jovens a erguiam sobre ombros avermelhados pelo sol escaldante do deserto.

3:42 - pela madrugada a cidade era sempre tão cruel e seu agudo sempre congestionava a garganta.

Um ladrão se aproxima e vê a frágil figura. Péssima espécime: Vil, sujo e dependente.

Ele saca a faca, ela fecha os olhos. São 3:44 e ninguém escuta o grito.

O doce vitae banhado a entorpecentes escorre pela sarjeta. Para ela restam apenas desertos e ombros avermelhados.

sexta-feira, março 06, 2009

O cheiro daquela avenida

A avenida tem um cheiro estranho a essa hora da noite quando o calor toma conta do asfalto.


São 3h da madrugada e acabo de torrar toda minha grana com diversão e prazer.

Mas esse cheiro, o da avenida. Minha nossa! 

Me faz lembrar de algo. Para um homem na minha idade, estagnado nessa pocilga, pode até ser confortante, confesso.

Um dia de fúria na obra. Nessa construção social, a merda toda pode voar pelos ares quando um patife se mete a besta. É meio natural, se é que você me entende. A gente dá duro pra que tudo saia certo, e alguém banca o grosseiro sacana.

Sim, to falando de estilo. Ou você tem, ou você não tem. Ou você faz bem feito, ou fodem com sua vida.

Mas não vou contar a história por completo. Logo logo vem os boatos. Ah! os boatos.

O hábito faz o monge, e o cheiro,  a maldita avenida...