Passo a passo, reverberando na rua vazia. Atravessava, de calçada em calçada, a cidade, já tarde da noite. Incansável, perguntava-se:
-Que diabos estou fazendo aqui?
Ouvia (ou não), vindo de algum prédio, o tilintar embalado pelo tempo de um Mensageiro dos Ventos.
-Será que algum tarado me persegue. Não é bom, para uma moça como eu, entregar-se à ventura e infortúnios.
Apressar o passo já não mais adiantava. Viu, do lado oposto à ruela, a silhueta encorpada de uma figura masculina.
-Merda! merda!
...e ninguém para socorrê-la.
-Pai nosso, que estais no céu...
Vinha rápido, resoluto, e quando o poste banhava-lhe a fronte com luz, percebia sua inexpressividade.
-Esses são os piores, porque não tem como saber se querem nos foder, ou nos cumprimentar.
A respiração ofegante, sudorese excessiva. Tentava disfarçar. Impossível, já estava a poucos metros, e se sentia um pressa fácil. Um cordeiro pronto para o sacrifício.
Mas ai recebeu um olhar tímido, provinciano.
-Ufa!
Respirou aliviada. Não fora dessa vez. Se safara dos predadores.
Ainda bem.
quarta-feira, abril 04, 2007
A moça do bairro
Postado por
Salomão Terra
às
9:24 PM
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Um comentário:
Nossa, até eu fiquei com medo do que pudesse acontecer à ela...
Andar na rua sozinha é uma BOSTA, imagina de noite...
e no seu bairro, então...
rsrsrs...
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